As equipes multidisciplinares e os conflitos entre gerações

Vivemos um tempo de diversidade e de inclusão. Temos consciência da heterogeneidade das pessoas e do dever de respeitá-las independentemente de suas crenças, origens, gêneros, idades e escolhas. Assim vivemos socialmente, mas na convivência constante e desafiadora do mundo do trabalho essas diferenças se evidenciam ainda mais. 

Devido à evolução da tecnologia, dos meios de comunicação e de outros fatores, convivemos, hoje, com vários tipos de pessoas dentro de um mesmo ambiente corporativo. Sendo as empresas um microcosmo da sociedade, onde a convivência acontece de modo contínuo e intenso, alguns conflitos se evidenciam, não só pela subjetividade dos indivíduos, mas pela multiplicidade de profissões e funções reunidas para a realização do trabalho. Surgem, assim, nesses espaços, características específicas desse novo modelo.

As equipes multidisciplinares
Equipes multidisciplinares são formadas por profissionais de áreas de conhecimento distintas e interdependentes, que combinam suas especialidades visando objetivos comuns. Essas equipes, quando bem estruturadas e articuladas, ampliam as perspectivas para a solução de problemas e otimizam processos, aumentando a competitividade das organizações ao promover:

autonomia – profissionais de know-how comprovado em determinadas áreas garantem às equipes maior confiabilidade e equilíbrio;

engajamento – a colaboração entre membros de diferentes disciplinas cria um ambiente envolvente e positivo onde as conquistas de metas dependem do empenho de cada um;

criatividade – a diversidade de conhecimentos e a combinação de pontos de vista geram ideias inovadoras e criativas;

colaboração – o trabalho conjunto estimula a comunicação e a cooperação na busca de melhores resultados.

Os conflitos entre gerações
Os conflitos entre gerações se devem ao fato de serem várias as gerações que hoje trabalham juntas, partilhando espaços, tarefas, responsabilidades e opiniões. Fatores sociais, econômicos e culturais foram determinantes para essa mudança. Entre os sociais, está o envelhecimento da população brasileira que, saudável, continua trabalhando, modificando o ambiente corporativo simultaneamente aberto às novas gerações. Assim, passam a conviver profissionalmente desde os chamados “veteranos” (1925 – 1944), cujos principais valores são moral, família e trabalho; a geração Baby Boomers (1945 – 1960), defensora da liberdade e da justiça social; a geração X (1961 – 1980), para quem hierarquias importam pouco; a geração Y ou Millennials (1981 – 2000), marcada pela revolução tecnológica e cuja informalidade desafia os gestores; e a geração Z (nascidos a partir de 2001), naturalmente conectada com o mundo que já conheceu virtual e que, com seus 22 anos de idade, definirá as relações do futuro.

Nesse cenário de perfis tão distintos, é preciso ter empatia para liderar e treinar pessoas para que elas, unidas, garantam as melhores entregas. Saber lidar com os conflitos auxilia a construção de um ambiente onde cada geração se sinta valorizada, o que contribui para a retenção de talentos. Canais de diálogos devem criar uma comunicação solidária e incentivar a boa convivência. Metas comuns devem gerar cooperação independentemente de competências técnicas ou comportamentais. O trabalho é o que motiva.

O lado positivo do conflito é de, eventualmente, incentivar a reformulação de processos que tenham perdido a eficácia nessa nova configuração. Ter um time multidisciplinar, multietário e, portanto, heterogêneo, é permanecer em processo de evolução e de adequação aos tempos, compreendendo que diversidade implica, inequivocamente, em promoção de inclusão. Inclusão promove representatividade. Cada membro contribui com o seu melhor e compensa a lacuna do outro, em constante equilíbrio. O bem é comum. Vale ainda lembrar que, embora distintos, os seres humanos têm para si desejos bastante semelhantes como a conquista de conhecimento, respeito, prosperidade e evolução. Que seja este, então, o foco da convivência entre diferentes. Não o que se tem de diverso, mas o que se tem em comum. Não o conflito, mas a complementaridade, o aprendizado recíproco que nos faz maiores e melhores em qualquer tempo e lugar.

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